Sou estrangeiro
Na minha casa
As chaves da entrada
Já não rodam na porta
As lâmpadas fracas
As janelas desfocam
Sou estrangeiro
Na minha cama
Os lençóis rasgados
Denunciam o assalto
Há medo no armário
“Socorro”! grito alto
Sou estrangeiro
Da minha sorte
A língua falada
Não me serve na boca
E babel, a torre
Faz da cabeça oca
Sou estrangeiro
Um passageiro
De outras andanças
Perdi o tecto e a voz
Mas nem mudo calo
O que até cego alcança
LM