sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Se eu tivesse um buraco...



A história de ontem podia começar assim. Aliás, melhor seria se nem tivesse começado. Sempre pensei o quão desgraçado é o desgraçado que abana os braços a clamar por ajuda e não é atendido- morre sozinho na praia e com tom de pele de coitado. Sempre evitei afundar-me mas também nunca peço auxílio. Pelos menos fica a esperança de não ter resistido por não chamar pelos socorristas, não por incapacidade de lhes conseguir a atenção ou por erro próprio. O pior é quando, mal se acaba de pisar um palco, preferíamos ter sido a chacota por cairmos no fosso da orquestra e não por acreditar que era possível fazer milagres. É o que dá a inocência. Acrescento: e a fé. Tem destas coisas ainda ser menina. Preferia que a história de ontem não terminasse com vergonha. Mas porque aconteceu, queria um buraco, por favor!

LM

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

De que cor é o amor? (continuação)

"...A Maria sentia o rosto quente, como se o sol tivesse dormido ali, nas duas faces, e se esticasse depois ao pescoço, descesse pelos braços e pelas pernas e iluminasse o corpo todo. Não sabia o que se passava mas sabia que era bom.
Domingo. A menina tinha convidado o Tomás para um lanche no jardim lá de casa. No jardim, a Maria gostava de ver a mãe tratar das rosas, tulipas, margaridas, papoilas, jasmins, e transformar aquele lugar num lugar de sonhar, onde só faltava um castelo para ser igual ao dos livros. Maria sabia que a mãe, depois de mimar as plantas e alimentar a terra, puxava sempre aquela madeixa de cabelo teimosa que caía à frente dos olhos e acabava por sujar de castanho a testa. Ficava depois à espera que a mãe a chamasse para a última tarefa: regar os canteiros.
- Quando cai, a água é como se beijasse a terra- explicava a mãe da menina- e a terra vai guardar a água e deixar que a alimente. Isso faz com que as flores cresçam, fiquem mais coloridas, vivas!
Maria pensou se não seria também isso que lhe tinha acontecido. O beijo que o Tomás lhe atirou tinha-a deixado a sorrir, rosada e com vontade de crescer. Continuava sem saber que nome dar ao que tinha sentido e mal conseguiu dormir nessa noite. No tecto do quarto o pai tinha colado carneirinhos brilhantes, daqueles florescentes, os que se notam quando o candeeiro é desligado. Tentou contá-los para fechar os olhos mais rápido mas já tinha chegado ao número trezentos e setenta e oito e nada!


Um dois três
Como será em chinês?
Quatro cinco seis
Em francês até eu sei!



Sete oito nove
Vem o dez e o onze morde
Doze, treze, cem
Sabe a pastéis de Belém


Cento e trinta dois
Qual o dente que te dói?
Cento e sessenta
É açúcar ou pimenta?


Chegando aos duzentos
É o cabo de tormentos
Trezentos e cinco
Aperta agora o cinto


Somando só mais três
Acabou-se a gaguez
E venha o setenta
Na conta que se inventa..."


LM

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O silêncio das estrelas


Fotografia de LM


"Solidão
O silêncio das estrelas
A ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um Deus
E amanheço mortal

E assim
Repetindo os mesmos erros
Dói em mim
Ver que toda essa procura
Não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?

Um sinal
Uma porta para o infinito
O irreal
O que não pode ser dito
Afinal
Ser um homem em busca de mais
Como estrelas que brilham em paz"

Lenine






segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

COMER A MÚSICA











Serviço Educativo de Música- Bach na Escola de Hotelaria da Madeira
Fotografias de LM




domingo, 24 de fevereiro de 2008

Nunca o Sangue foi tão Doce...



Saber-se o fim pode ser desolador mas nunca quando a forma nos namora até às entranhas, numa relação provocadora. Os acordes já cá estavam, a melodia entoei-a com as personagens, a história já a lia na cabeça, mas mesmo esperando temia que não se alcançasse. Depp pela perícia nas extensões (que nele se tornam órgão vital: das navalhas, às espadas, passando pelas tesouras), Burton porque sempre fez gostar do trágico, só podiam ser as escolhas para tornar num filme este musical. Mesmo assim o resultado podia ter sido outro. Do melhor ao perfeito há uma grande distância- e é nesse intermédio que geralmente se falha. Pois aqui não há erros. Johnny Depp provou porque sempre foi o meu eleito, Tim Burton reforçou outras das minhas preferências. Sondheim, esse já o conheço desde o dia em que nos encontramos num pequeno teatro londrino para “Sunday in the Park with George”. George é Seurat e Sondheim usou as únicas cores possíveis com um dos maestros do pontilhismo. Sair de um quadro em notas é um toque de génio. E cortar cabeças também.


LM

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Quoi?

AGAIN...

E perguntaram-lhe:
-Porque gostas tanto de Nova Iorque?
Ela respondeu:
-Porque me faz olhar para cima...

LM

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Quanto do teu sal...

Cabo Girão- Madeira
Fotografia de LM

domingo, 17 de fevereiro de 2008

To remember...


Se hoje tivesse de retratar um beijo seria como este, no corrimão da escada. Um plano americano em tudo o que não é: dos joelhos para baixo. As pernas não se chegam a entrelaçar mas percebe-se que é sequioso. O que mais gosto no cinema é o que o cinema me esconde, como o xaile branco que encobre do frio os ombros, como o encontro no lugar mais perto do céu em Nova Iorque que não acontece, como os apitos dos barcos que não vemos, como “O Grande Amor da Minha Vida” de quem não se sabe o rosto mas que se espera… Trocava de lugar com Deborah Kerr por “An Affair to Remember”. Mas nem sempre o playboy prefere a cantora...


LM

sábado, 16 de fevereiro de 2008

ATONEMENT



Não, não é vergonha mas falta de coragem. Tenho sempre a impressão que me achas demasiado cor-de-rosa, que me deixo arrebatar por qualquer história e caio em todos os sorrisos. Não deixas de ter razão. Mas não sempre. E só por medo que me estranhes, não te pergunto se o viste. É que teria de te dizer que chorei. Chorei no momento em que senti perder. Teria de te dizer que li o filme como leio um poema, sem exigências absurdas em relação a quem escreve, porque afinal quem lê também é poeta. Teria de te dizer que fiquei sem respiração quando vi a câmara, sem cortes, deslizar na praia negra, numa encenação detalhada. Teria de te dizer que me rendi àqueles olhos, de um azul sufocante, que apetecia mergulhar num beijo. Teria de te dizer que, não sendo muito mais do que é, é uma declaração de amor, daquelas que eu desejava para mim. Da fotografia teria de te dizer que é pintada à mão, em rasgos de lucidez e beleza. Da música teria de te dizer que, em óperas e sonatas, a máquina de escrever foi o que me deixou ajoelhada. Eu vi, mas vou continuar sem saber se tu também.


LM

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CÓDIGO POSTAL: 9300

Câmara de Lobos
Fotografia de LM

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

For JOHNNY...

(also CASH)





"...

And the wheels just keep on turning
The drummers begin to drum
I don’t know which way I’m going
I don’t know what I’ve become

For you I’d wait till kingdom come
Until my days, my days are done

..."

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Porque o meu amanhã é sempre hoje...





Se ainda fôssemos nós
Se ainda tivesses a idade
(dos meus sonhos)
Se ainda chegasses
Se eu ainda escurecesse
Se ainda abríssemos um grito
Se ainda me mentisses
Se eu ainda acreditasse
E então seríamos
AINDA os dois

De LM,
para ti...

De que cor é o amor?

"Tudo começou com um beijo. Um beijo pequenino. Um beijo que cabia na casca de um amendoim, do tamanho de uma palavra apressada, da cabeça de um alfinete, da ponta do nariz, de dois ou três grãos de areia.
Este beijo veio com os pãezinhos da merenda e um copo de leite quente. Este beijo chegou com pés de algodão, envergonhado. Foi o beijo que o Tomás soprou à Maria e que ela fechou na mão, até que começou a fazer cócegas nos dedos e a menina teve de o soltar na bochecha. E foi então que a bochecha corou.



Primeiro acontece
Um quase formigueiro
A dor de barriga
O frio de Janeiro


Mas logo acalma
Faz-se a Primavera
Nem quando escurece
Volta o frio que era


As flores ficam frutas
De repente é Verão
E esse é o momento
Do beijo no coração

Às vezes o Outono
Ameaça chover
Mas quem gosta não faz
Do bem malmequer


E as folhas ficam
Na árvore do peito
A lembrar que um dia
Houve um primeiro beijo

..."

In "De que cor é o amor?"
de LM

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

VAMOS À VALSA?




Módulo "Vamos à Valsa"
ServiçoEducativode Música- OCM
10 de Fevereiro de 2008
Fotografias de LM


DOS PÉS À CABEÇA







Módulo "Dos Pés à Cabeça"
Serviço Educativo de Música OCM
10 de Fevereiro de 2008- Funchal
Fotografias de LM



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

ALMOST PARADISE





Estalagem da Ponta do Sol
Madeira, Fevereiro de 2008
Fotografias de LM



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O que mais dói...

Hoje é dia de tirar o disfarce empoeirado do armário. Ou os fantasmas…
Os confetis e serpentinas cobrem o alcatrão, e o que restava de cinzento da ilha transformou-se numa paleta animada. Bem, nem tudo. Um santo qualquer a quem não acendi velinhas resolveu amuar e mandou chover. Não tive coragem para lhe dizer “vai tu!”, por isso lá me molhei! Há outros menos santos (ou não) que apontam para o lado e vão lendo aquilo que vemos (o que prova que a redundância já se implantou no livro de estilo dos canais portugueses) e dizem que faz sol. Como ficamos, meus senhores? Eu cá só vejo água. Deve ser da maltida dor de dentes que regressou e, na impossibilidade de comer, bebo! Ou será da ilha? Aconselharam-me cachaça, o que até acho piada por condizer com a época das fantasias e palhaçadas. Depois de uma noite de insónias e penar, decidir visitar o dentista. Nada me custa tanto. Se me querem mandar a algum lado feio é só dizer “Olha, vai para o dentista!”. Finalmente percebi a razão da resistência. Não é que o senhor de bata branca e diploma pendurado por cima da cabeça, falou, falou, falou... sempre, claro está, com escavadoras, espelhos e sorvedores de saliva enfiados na minha rica boquinha aberta até ao impossível. Escusado será dizer que me limitei a gemer, abanar a mão ou piscar os olhos (afirmativamente), já que não podia fazê-lo com a cabeça. Raio de hora, esta, em que o homem de branco comentou política, religião e futebol e eu, amarrada à dor de dentes, concordei com as mais estúpidas afirmações. Tudo porque as mãos se cravaram na cadeira à medida que ia progredindo o tratamento, impedindo o gesto brusco de “não, não acho isso”, e os olhos pestanejaram mais vezes para desprender as lágrimas que entretanto apareceram com o barulho das brocas.
Assim, este ano, decidi disfarçar-me de dor. Pode ser que alivie quando tirar a máscara!

LM

CARNAVAL RIMA COM FUNCHAL?


Madeira, Carnaval 2008
Fotografias de LM


CARNAVAL DOS ANIMAIS








Concerto OCM
Funchal, 1 de Dezembro de 2008
Fotografias de LM


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008