domingo, 24 de fevereiro de 2008

Nunca o Sangue foi tão Doce...



Saber-se o fim pode ser desolador mas nunca quando a forma nos namora até às entranhas, numa relação provocadora. Os acordes já cá estavam, a melodia entoei-a com as personagens, a história já a lia na cabeça, mas mesmo esperando temia que não se alcançasse. Depp pela perícia nas extensões (que nele se tornam órgão vital: das navalhas, às espadas, passando pelas tesouras), Burton porque sempre fez gostar do trágico, só podiam ser as escolhas para tornar num filme este musical. Mesmo assim o resultado podia ter sido outro. Do melhor ao perfeito há uma grande distância- e é nesse intermédio que geralmente se falha. Pois aqui não há erros. Johnny Depp provou porque sempre foi o meu eleito, Tim Burton reforçou outras das minhas preferências. Sondheim, esse já o conheço desde o dia em que nos encontramos num pequeno teatro londrino para “Sunday in the Park with George”. George é Seurat e Sondheim usou as únicas cores possíveis com um dos maestros do pontilhismo. Sair de um quadro em notas é um toque de génio. E cortar cabeças também.


LM

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