sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Se eu tivesse um buraco...



A história de ontem podia começar assim. Aliás, melhor seria se nem tivesse começado. Sempre pensei o quão desgraçado é o desgraçado que abana os braços a clamar por ajuda e não é atendido- morre sozinho na praia e com tom de pele de coitado. Sempre evitei afundar-me mas também nunca peço auxílio. Pelos menos fica a esperança de não ter resistido por não chamar pelos socorristas, não por incapacidade de lhes conseguir a atenção ou por erro próprio. O pior é quando, mal se acaba de pisar um palco, preferíamos ter sido a chacota por cairmos no fosso da orquestra e não por acreditar que era possível fazer milagres. É o que dá a inocência. Acrescento: e a fé. Tem destas coisas ainda ser menina. Preferia que a história de ontem não terminasse com vergonha. Mas porque aconteceu, queria um buraco, por favor!

LM

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