Bedford, Williamsburg- Brooklyn
Fotografia de LM
terça-feira, 30 de janeiro de 2007
segunda-feira, 29 de janeiro de 2007
domingo, 28 de janeiro de 2007
VERTIGEM
Do alto de mim
Vejo tanto de nós
Numa vertigem aguda
Que me dá tonturas
De ficar sem voz
Do alto de mim
Vejo tanto e tais
Vejo pardos gatos feios
Será só um devaneio
De querer ainda mais
Do alto de mim
Vejo tanto e pois
Que o tanto se parece
Com o que arrefece
No amor dos dois
Words for a song
Letra de LM
Vejo tanto de nós
Numa vertigem aguda
Que me dá tonturas
De ficar sem voz
Do alto de mim
Vejo tanto e tais
Vejo pardos gatos feios
Será só um devaneio
De querer ainda mais
Do alto de mim
Vejo tanto e pois
Que o tanto se parece
Com o que arrefece
No amor dos dois
Words for a song
Letra de LM
sábado, 27 de janeiro de 2007
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
Brooklyn
É o tecto. As cinzas do cigarro apanhadas no céu fazem um bloco triste, ao longe. Mas aqui há passos que avivam e do alto se completam com caras grandes. As janelas são os olhos da cidade, as portas falam aos vizinhos. Há até uma ave presa pelas garras, com vontade mas sem permissão de ir. Sempre gostei da árvore, que descalça me lembra uma personagem de Burton. Ai o branco, tão branco! É tanto que chega a gelar os pés guardados no lar: porque a vista come. O único estreito da rua faz peregrinos a todas as horas. Se rezam não os oiço, porque o frio silencia.
É o tecto. A minha casa.
É o tecto. A minha casa.
LM
quarta-feira, 24 de janeiro de 2007
terça-feira, 23 de janeiro de 2007
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
EXIT (continuação)
(...)
No dia em que fiz 30 anos fugi deste lugar. Empacotei alguma roupa num saco roçado e fui. Isso mesmo: fui. Lembro-me de não encontrar a escova de dentes porque quando cheguei ao quarto do hotel, já madrugada, mordi um chocolate que estava abandonado no bolso de casaco e as gengivas ressentiram-se. Estava esganada de fome e não resisti. A sensibilidade dentária tinha sido diagnosticada um mês antes. O caso não era grave mas pedia cuidados e o meu esquecimento resultara em dor. Como pude ser tão distraída!
(...)
No dia em que fiz 30 anos fugi deste lugar. Empacotei alguma roupa num saco roçado e fui. Isso mesmo: fui. Lembro-me de não encontrar a escova de dentes porque quando cheguei ao quarto do hotel, já madrugada, mordi um chocolate que estava abandonado no bolso de casaco e as gengivas ressentiram-se. Estava esganada de fome e não resisti. A sensibilidade dentária tinha sido diagnosticada um mês antes. O caso não era grave mas pedia cuidados e o meu esquecimento resultara em dor. Como pude ser tão distraída!
(...)
domingo, 21 de janeiro de 2007
ADEUS
Abre a caixa negra do meu peito
Depois de teres desfeito
O sentido de sentir
Com a cara amarrada separas
O meu abraço e desatas
Em contas de subtrair
Então ranges os dentes e amargas
Lágrimas sussurradas
E dizes que vais partir
As luzes da rua desbotaram
As pedras desmancharam
Nem palhaços há a rir
Words for a Song
Letra de LM
Depois de teres desfeito
O sentido de sentir
Com a cara amarrada separas
O meu abraço e desatas
Em contas de subtrair
Então ranges os dentes e amargas
Lágrimas sussurradas
E dizes que vais partir
As luzes da rua desbotaram
As pedras desmancharam
Nem palhaços há a rir
Words for a Song
Letra de LM
sábado, 20 de janeiro de 2007
EXIT
No dia em que fizer 30 anos vou estar longe de casa. Não sei o nome da cidade, nem onde fica. Talvez faça frio, mesmo sendo Agosto. Encho a mochila com 3 pares de calças e umas quantas camisolas. Atiro para lá cachecóis e luvas. Tudo o resto fica.
Não tenho mapa porque não fiz o caminho e a minha bússola indica um ponto cardeal que não vem nos livros. Pouco importa. No dia em que fizer 30 anos vou estar longe de casa.
(…)
LM
Não tenho mapa porque não fiz o caminho e a minha bússola indica um ponto cardeal que não vem nos livros. Pouco importa. No dia em que fizer 30 anos vou estar longe de casa.
(…)
LM
sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
Actriz de Novela
És de verniz
Actriz
Um verniz que estala
Vermelho perfeito
Um dia
No outro
A acetona apaga
És de baton
E então
Ostentas os lábios
Corando o inferno
Com chuva
És fogo
Com chama és água
És de sombra
Montra
De um fundo verde olhar
Prendes pelas coxas
O mundo
Dominas
Num gemido de amar
És de rímel
Crime
Cometo ao desgraçar
Na toca do lobo
Na boca
Do povo
Teu nome recitar
És de creme
Cheiras
A gente que passa
Pelo corpo praça
Que despes
Com modo
De autobiografar
Words for a Song
Letra LM
Actriz
Um verniz que estala
Vermelho perfeito
Um dia
No outro
A acetona apaga
És de baton
E então
Ostentas os lábios
Corando o inferno
Com chuva
És fogo
Com chama és água
És de sombra
Montra
De um fundo verde olhar
Prendes pelas coxas
O mundo
Dominas
Num gemido de amar
És de rímel
Crime
Cometo ao desgraçar
Na toca do lobo
Na boca
Do povo
Teu nome recitar
És de creme
Cheiras
A gente que passa
Pelo corpo praça
Que despes
Com modo
De autobiografar
Words for a Song
Letra LM
quinta-feira, 18 de janeiro de 2007
Evangelho do amor segundo Woody Allen
Há dias treze
Crimes passionais
Comédias sem graça
Planos casuais
Romance e drama
Tornam imortal
O beijo na tela
A mulher fatal
Qual Woody Allen num filme a dois
Roubar as falas e ser o herói
Só no cinema cair não dói
Numa cena de perfil
Neste meu jeito imbecil
Atiro-me EM ti
Sigo o mapa
Da tua nudez
Simples rascunho
Do poema que és
Fazer amor
Ou desfazer
O peito parar
De tanto bater
Qual Woody Allen num filme a dois
Roubar as falas e ser o herói
Só no cinema cair não dói
Words for a song
Letra de LM
Crimes passionais
Comédias sem graça
Planos casuais
Romance e drama
Tornam imortal
O beijo na tela
A mulher fatal
Qual Woody Allen num filme a dois
Roubar as falas e ser o herói
Só no cinema cair não dói
Numa cena de perfil
Neste meu jeito imbecil
Atiro-me EM ti
Sigo o mapa
Da tua nudez
Simples rascunho
Do poema que és
Fazer amor
Ou desfazer
O peito parar
De tanto bater
Qual Woody Allen num filme a dois
Roubar as falas e ser o herói
Só no cinema cair não dói
Words for a song
Letra de LM
quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
All That Jazz!
Outono
Apesar de “meio”, “no meio”, “do meio”, “a meio” serem inutilizáveis deste lado, a verdade é que, por onde quer que haja uma árvore perto, as ruas enchem-se de folhas, todas em tons de castanho e seco, tombadas por um Outono impertinente. O vento já corta, num frio aflitivo a garantir a neve dos meses que se aproximam. Até sei porquê a associação, mas a imagem faz-me desaparecer em Paris. Sempre tive paixões atrozes por cidades vadias. Comem-me até à medula, fazem-me chorar, cair, levantar, mas a combustão é tão forte que adoeço só de pensar que não são minhas. E porque a relação nunca foi recíproca, acabo sempre por partir. Na agenda para o fim de Novembro já há data para o regresso a casa. CASA. Nos últimos tempos tenho tido dificuldade em encontrar um significado justo para a palavra, acolhedora e mãe. Por agora sei que é o mar, o mesmo que me viu crescer e de quem sou cúmplice, e as saudades. A família reclama a presença, os amigos batem palmas (espero que em jeito de “concordo”). Definitivamente, marquei o meu retorno. Definitivo?
A semana foi aborrecida. A Norman Avenue já nem consegue entender porque me tranco. Atirou-me para a cama uma gripe surpresa, que pensei ter sido curada com mimos. O remédio foi-se, a maldita fica. Foi tempo de rever matéria dada e perceber, que tal como cravo as unhas no francês a ver se agarro, o meu inglês nem deixa marcas. É o resultado de continuar a conviver na língua materna, no círculo de amigos e no trabalho. As aulas já não são o suficiente para uma prática eficiente. Envergonho-me e desespero. Continuo a deixar que a porta me bata na cara, quando troco “pull” e “push” e já não uso outro adjectivo para além de “awesome”. É mais do que claro, estou doente.
A semana foi aborrecida. A Norman Avenue já nem consegue entender porque me tranco. Atirou-me para a cama uma gripe surpresa, que pensei ter sido curada com mimos. O remédio foi-se, a maldita fica. Foi tempo de rever matéria dada e perceber, que tal como cravo as unhas no francês a ver se agarro, o meu inglês nem deixa marcas. É o resultado de continuar a conviver na língua materna, no círculo de amigos e no trabalho. As aulas já não são o suficiente para uma prática eficiente. Envergonho-me e desespero. Continuo a deixar que a porta me bata na cara, quando troco “pull” e “push” e já não uso outro adjectivo para além de “awesome”. É mais do que claro, estou doente.
LM, Outubro de 2005
NewYork
terça-feira, 16 de janeiro de 2007
A Negra da Estação
Fotografia de LM
Fui o metro esperar
A Bedford, na estação
Quando ouvi afinar
Na voz da confusão
Disse alto posso jurar
Numa voz que acetina
“Fica pela terra do Sam”
Como se me lesse a sina
Acotovelei, pisei
Sem pedir sequer perdão
Furei só para falar
Com a negra da estação
Tinha pele bombazina
Enrugada de saber
Cabelos feitos crina
Para a cara enobrecer
Os dedos curvados
Agarravam lentos
A lira das trovas
Da negra lamento
Acotovelei, pisei
Sem pedir sequer perdão
Furei só para falar
Com a negra da estação
“Pagam-me para adivinhar”
Soprou-me com envelhecer
“Há os que louca me chamam
Há os que me dão de beber”
“Podem não acreditar
Porque é gasto o meu sermão
Mas hei-de revelar
O destino em canção”
Nesse dia conheci
A lenda da estação
Com cores de entendimento
Pintou a negra a lição
Fui o metro esperar
A Bedford, na estação
Quando ouvi afinar
Na voz da confusão
Disse alto posso jurar
Numa voz que acetina
“Fica pela terra do Sam”
Como se me lesse a sina
Acotovelei, pisei
Sem pedir sequer perdão
Furei só para falar
Com a negra da estação
Tinha pele bombazina
Enrugada de saber
Cabelos feitos crina
Para a cara enobrecer
Os dedos curvados
Agarravam lentos
A lira das trovas
Da negra lamento
Acotovelei, pisei
Sem pedir sequer perdão
Furei só para falar
Com a negra da estação
“Pagam-me para adivinhar”
Soprou-me com envelhecer
“Há os que louca me chamam
Há os que me dão de beber”
“Podem não acreditar
Porque é gasto o meu sermão
Mas hei-de revelar
O destino em canção”
Nesse dia conheci
A lenda da estação
Com cores de entendimento
Pintou a negra a lição
LM
segunda-feira, 15 de janeiro de 2007
Domingo
Fotografia de LM
Estou em dieta de filmes devido a uma overdose de trabalho. Felizmente na corrida para o comboio, ou a tentar não repetir a porta que insiste em fechar-se no nariz no momento em que entro no metro, o meu MP3 player dá-me música e não tenho definhado com sede. A Time Out Magazine, a celebrar o 10º aniversário, escolhe como um dos Top 10 de Nova Iorque Brad Mehldau. Fui convidada esta semana a um salto até Tokyo, com o pianista. Entre Gershiwn e Radiohead reinventados, é ficar para escutar a respiração da pedaleira e os suspiros (num Live) de prazer. Resta agradecer a viagem…
Por falar em jornadas, com um pé no Joe´s Pub e outro desse lado do oceano, Ana Moura ajudou na ponte. O local é sedutor, no mínimo. O palco pequeno abre-se em meia lua para namorar com o público, e num estilo D. Juan desavergonhado conquista sem esforço, deixando os intérpretes algo desprotegidos. Acho que vem daí o assombro.
Primeira guitarrada. Era domingo. Depois vem ela, num elegante vestido preto e numa postura de dáDIVA. Ninguém se zangou por receber tanto. A Ana é doce. Às vezes acho que demasiado para um fado dorido ou carrasco. Ninguém esquece a tenra idade e perdoa o gaguejar em inglês, quando tenta reproduzir a canção. Nem é necessário. Os ouvintes, maioritariamente estrangeiros (quem escreve é uma portuguesa), perceberam a pureza da voz e a vontade. Não resisti à chamada. Lá me juntei a ela, do meu lugar, erguendo a voz num “canto o fado”. Como gosto, como gosto!!
Getting chilly outside… o Outono bateu à porta (e entrou) e Nova Iorque começa mais uma transformação. Mudam as cores das folhas, o parque sossega cedo à noite, as praças arranjam cobertura, veste-se mais uma camisola. Vou ter saudades dos exageros do sol. É que me trazia o meu mar, mesmo quando nem estava perto. Temo que não demore a ficarem pintadas de branco, as ruas. A cidade não se dá muito a transições. Estações intermédias ficam guardadas num canto da prateleira onde quase nem se podem ver, como aqueles livros que esquecemos. É que, como tudo o resto, aqui a conta é certa: ou oito ou oitenta.
Setembro de 2005, NY
LM
Estou em dieta de filmes devido a uma overdose de trabalho. Felizmente na corrida para o comboio, ou a tentar não repetir a porta que insiste em fechar-se no nariz no momento em que entro no metro, o meu MP3 player dá-me música e não tenho definhado com sede. A Time Out Magazine, a celebrar o 10º aniversário, escolhe como um dos Top 10 de Nova Iorque Brad Mehldau. Fui convidada esta semana a um salto até Tokyo, com o pianista. Entre Gershiwn e Radiohead reinventados, é ficar para escutar a respiração da pedaleira e os suspiros (num Live) de prazer. Resta agradecer a viagem…
Por falar em jornadas, com um pé no Joe´s Pub e outro desse lado do oceano, Ana Moura ajudou na ponte. O local é sedutor, no mínimo. O palco pequeno abre-se em meia lua para namorar com o público, e num estilo D. Juan desavergonhado conquista sem esforço, deixando os intérpretes algo desprotegidos. Acho que vem daí o assombro.
Primeira guitarrada. Era domingo. Depois vem ela, num elegante vestido preto e numa postura de dáDIVA. Ninguém se zangou por receber tanto. A Ana é doce. Às vezes acho que demasiado para um fado dorido ou carrasco. Ninguém esquece a tenra idade e perdoa o gaguejar em inglês, quando tenta reproduzir a canção. Nem é necessário. Os ouvintes, maioritariamente estrangeiros (quem escreve é uma portuguesa), perceberam a pureza da voz e a vontade. Não resisti à chamada. Lá me juntei a ela, do meu lugar, erguendo a voz num “canto o fado”. Como gosto, como gosto!!
Getting chilly outside… o Outono bateu à porta (e entrou) e Nova Iorque começa mais uma transformação. Mudam as cores das folhas, o parque sossega cedo à noite, as praças arranjam cobertura, veste-se mais uma camisola. Vou ter saudades dos exageros do sol. É que me trazia o meu mar, mesmo quando nem estava perto. Temo que não demore a ficarem pintadas de branco, as ruas. A cidade não se dá muito a transições. Estações intermédias ficam guardadas num canto da prateleira onde quase nem se podem ver, como aqueles livros que esquecemos. É que, como tudo o resto, aqui a conta é certa: ou oito ou oitenta.
Setembro de 2005, NY
LM
EXIT MUSIC for a perfect night
A noite estava perfeita. O sol ausentava-se lentamente, parecendo uma laranja à espera de ser provada.
Quando se dá um passo em direcção ao coração do Central Park e se deixa a 5ª avenida, o som ensurdecedor do trânsito é apagado pelos grilos, os faróis são aqui pirilampos que se cruzam depressa à nossa frente, os neons passam a lanternas que indicam o caminho, um dos possíveis que fazem o labirinto deste verde. Embora de noite as folhas pareçam fantasmas, os bichos assustadores, os vultos duvidosos…
A cidade deixa de ser a mesma.
Não foi difícil chegar ao Summer Stage. Guiou-me a música gravada que rasgava o Parque e ia anunciando a alegria. Cheguei ao palco. Quase que se fazia escuro: não sei se com medo que ao acenderem as luzes se aquecesse ainda mais a noite adivinhada. Os 40ºC repetem-se dia após dia, baixando só uns pontos quando se alumia a lua. Parece que vim a tempo. O primeiro acorde. Ouviu-se alguém gritar : “PUERTO RICO” (o que é curioso para saudar alguém vindo do Texas!São as múltiplas culturas deste mundo encolhido). Os aplausos responderam efusivamente, rindo. Um foco mostrou um piano vestido de relva (e não é metáfora). A imagem soberba incendiou a audiência. Não me tinha apercebido: eram pelo menos 2 milhares. Ao meu lado, pularam os que estavam sentados pelo chão e os ritmos percutidos deram o mote à dança, quase alienada, numa melodia ainda mais desconcertante, feita de jazz. Foi vertiginoso, nas mãos de Jason Moran. Quase que podia garantir que se fazia a reza da chuva. E não é que choveu?
Depois foi tempo de mudar. O perfeccionismo da entrega de Brad Mehdlau, a solo, foi de arrastar lágrimas. Tocou Jobim como nunca ouvi. O próprio iria lamentar não estar na plateia. Agora o cheiro a terra molhada associa-se à festa. O pedal do piano ouve-se a pulsar cá dentro, como aquelas vibrações graves dos concertos rock. Nas pausas, o silêncio é de cortar a respiração, de tão bonito. Mais uma vez a razão porque me move a música: por ser assim inteira!
Sei que não há instantes nem emoções que se repetem, por isso deixei o concerto ainda antes de se tocar a última nota. Radiohead- Exit music for a film. É que sempre gostei da história da Cinderela, só que desta vez não havia nem sapato de cristal, nem abóbora transformada em carruagem, nem vestido, nem Cinderela…
A noite estava quase perfeita…
5 de Agosto de 2005,
LM
domingo, 14 de janeiro de 2007
Cidade do Anjos Caídos
Fotografia de LM
Na cidade que não se esgota
E nos consome de viver
Onde os homens podem ser ilhas
E se joga a ganhar sem perder
Em cada arranha-céu
Pontos de luz alta
Há anjos sentados em vigia
Das avenidas, extensos palcos
Na cidade rubra loucura
Noite e dia já casaram
Dois rios são o público
Dos passos sempre apressados
Nunca há atalhos
Só lugares furtivos
Onde homens de cores diferentes
Alargam passagens clandestinas
Na cidade que nada teme
Só com medo do que não tem
Há anjos que rompem as asas
Há diabos a querer o bem
LM
Na cidade que não se esgota
E nos consome de viver
Onde os homens podem ser ilhas
E se joga a ganhar sem perder
Em cada arranha-céu
Pontos de luz alta
Há anjos sentados em vigia
Das avenidas, extensos palcos
Na cidade rubra loucura
Noite e dia já casaram
Dois rios são o público
Dos passos sempre apressados
Nunca há atalhos
Só lugares furtivos
Onde homens de cores diferentes
Alargam passagens clandestinas
Na cidade que nada teme
Só com medo do que não tem
Há anjos que rompem as asas
Há diabos a querer o bem
LM
Pedido de Noivado Atribulado
Fotografia de LM
Cosi a linha grossa o peito
Depois de rasgares a direito
A bainha da camisa
Que vesti a preceito
Para te pedir a mão
No bolso do casaco azul
Meti um lindo anel dourado
Com um rubi adornando
Declarei no telhado
Finalmente a decisão
Zombaste do meu jeito
O nervoso miudinho
Não me deixou pensar direito
Quando me disseste baixinho
Hoje não aceito
Amanhã só Deus sabe
É que ouvi um burburinho
E deixou-me angustiada
Viram-te à entrada
Do hotel da região
Comigo não foi não
Diz-me quem era ela
Antes que tire a conclusão
Que me trais com a Manela
Filha do senhor João
Andavas de olho nela
Mulher da minha vida
Minha doçura silvestre
Vista comigo no hotel
Só esteve a Celeste
É que fui combinar
O jantar de noivar
Tens de acreditar.
Aceitas casar?
Desculpa imaginar
São filmes sem razão
Tens de me perdoar
É tua a minha mão
Para os Cabaret Fortuna
LM
Cosi a linha grossa o peito
Depois de rasgares a direito
A bainha da camisa
Que vesti a preceito
Para te pedir a mão
No bolso do casaco azul
Meti um lindo anel dourado
Com um rubi adornando
Declarei no telhado
Finalmente a decisão
Zombaste do meu jeito
O nervoso miudinho
Não me deixou pensar direito
Quando me disseste baixinho
Hoje não aceito
Amanhã só Deus sabe
É que ouvi um burburinho
E deixou-me angustiada
Viram-te à entrada
Do hotel da região
Comigo não foi não
Diz-me quem era ela
Antes que tire a conclusão
Que me trais com a Manela
Filha do senhor João
Andavas de olho nela
Mulher da minha vida
Minha doçura silvestre
Vista comigo no hotel
Só esteve a Celeste
É que fui combinar
O jantar de noivar
Tens de acreditar.
Aceitas casar?
Desculpa imaginar
São filmes sem razão
Tens de me perdoar
É tua a minha mão
Para os Cabaret Fortuna
LM
Desci à Praia...
Soubesse o mar a que sabe, que é sabor de foz e fonte, que é doce e tirano, que é vento Sul e Norte. Mas será que é a mim que cabe dizer-lhe a que sabe, o mar, que tem sabor a calo, sabor a fado, saber amar? Volta comigo todos os dias, como se em confissão me quisesse dizer, que só eu sei a que sabe esse mar que é só meu. Não teria razões para revolta se lhe dissesse que só me dá paz, que o abrigo que me entrega é tudo menos fugaz. Nada de rimas quando a maré enche. Só orgulho de lhe chamar pelo nome próprio, “into my arms”. A cada passo que dou, quase a molhar o pé, sinto o laço que me arrasa, o afago que me cala, a força que me atira, sempre em frente. Mas em frente é do outro lado, atravessando correndo o oceano que é só mar por ser meu? E eis que acordo, o som inflamado na cabeça lembra-me que tenho música no ouvido e incertezas quanto à certeza do peito.Com os meus dedos no teu cabelo, canto assim com Nick:
“…As you've been moving surely toward me
My soul has comforted and assured me
That in time my heart it will reward me
And that all will be revealed,
So I've sat and I've watched an ice-age thaw.
Are you the one that I've been waiting for?”
Sabes que gosto de ti?
LM
“…As you've been moving surely toward me
My soul has comforted and assured me
That in time my heart it will reward me
And that all will be revealed,
So I've sat and I've watched an ice-age thaw.
Are you the one that I've been waiting for?”
Sabes que gosto de ti?
LM
Babel
Sou estrangeiro
Na minha casa
As chaves da entrada
Já não rodam na porta
As lâmpadas fracas
As janelas desfocam
Sou estrangeiro
Na minha cama
Os lençóis rasgados
Denunciam o assalto
Há medo no armário
“Socorro”! grito alto
Sou estrangeiro
Da minha sorte
A língua falada
Não me serve na boca
E babel, a torre
Faz da cabeça oca
Sou estrangeiro
Um passageiro
De outras andanças
Perdi o tecto e a voz
Mas nem mudo calo
O que até cego alcança
LM
See you, New York.
Fotografia de LM
Podemos ser agarrados pelos cabelos. Puxam-nos, atiram-nos contra a parede, magoam-nos. Prefiro que me apertem a garganta, me tirem o sopro, me arranquem o fôlego. É uma angústia boa, esta, principalmente quando se desata o nó(s). Por não termos para onde ir sabemos onde não queremos estar. Por termos de partir sabemos que só podemos ficar.
A primeira imagem. Desdobrava-se em papéis de cor e uma longa espera, fascinante, desejada, mas sozinha. Times Square. A travessia do ano, um mergulho num rio de “blinding lights”. Dois, no caso: East e Hudson. Percebi depois que a mesma cidade que me venceu pagava a energia à custa do mundo e deste correr de águas, de um lado e do outro, aniquilada por ela própria.
Como em todas as montanhas, do pico vê-se o fundo, do vale elevam-se os olhos. É este sobe e desce constante que afinal empurra o carrossel e o faz girar. Na mesinha de cabeceira continuam livros que não li, música que pouco ouvi, lições que não estudei, cartas que deixei por escrever, números por marcar e uma vela por acender. Que bom que há coisas que abandonamos inocentemente, mas como se adivinhássemos um dia revisitar, retomar, voltar a pegar. O ponto da largada será sempre diferente, é certo. Por isso valeu a pena.
Disparei a máquina inúmeras vezes mas na cabeça estão fotografias que nunca tirei: as do coração. Os amigos que fiz, os amores, a paisagem, a luta, os voos, a viagem. Eu que gosto de cinema vi-me dentro do filme. Passei a personagem animada, numa obscuridade própria de Burton, sempre com Johnny do outro lado da linha. “Path”. Soa bem para quem percorreu muito mas até parece nada. Obriga-me a pensar que há mais, e o sentido é só “em frente”.
Cheira-me a cupcakes com sprinkles arco-íris e a piquenique da meia-noite. Soa-me a Bono rouco, a Jagger louco, a Rufus homo… Continuo a sonhar com uma casa no Village mas com o ambiente alternativo de Williamsburg. Vou reparar nas tintas no chão, nos riscos nas paredes. Vou repudiar os maus cheiros, os passeios obstruídos de lixo. Vou correr à noite no parque, caminhar de dia nas ruas. Vou comprar pão polaco e diet coke para regar. Noodles, brownies, marshmallows. Vou esperar o carteiro coxo, querer o leite com chocolate do Peter Pan, após um “Mufin Sugar Free”, o sushi e os pauzinhos, e queixar-me das insónias quando acordada pelo choro da criança dos vizinhos. Vou aproximar-me da velha “lady” que aos domingos de manhã empresta uma cantoria celeste à estação de Bedford e me faz querer ter uma avó negra. Vou cruzar-me com caras diferentes e querer ser igual, vou sentar-me naquele banco de jardim, o mesmo das histórias, tomar um café pensativo no Fix, desfilar no Meat Packing do “Sex and the City” e rir-me de mim por empilhar sapatos que não uso no armário, depois de me render a este vício made in Manhattan…Porque há coisas que não mudam.
O telhado. Ouviu tantos episódios, carregou tanta gente. Tanto, gente. Foi confidente, foi comédia, foi desespero e atalho para o salto, foi praia, ponto de encontro e miradouro. O MEU. Trepo as escadas uma vez mais. Brindo (ao que quer que venha). A última, como a primeira imagem, é escura mas cheia de brilho…
See you, New York.
LM
A primeira imagem. Desdobrava-se em papéis de cor e uma longa espera, fascinante, desejada, mas sozinha. Times Square. A travessia do ano, um mergulho num rio de “blinding lights”. Dois, no caso: East e Hudson. Percebi depois que a mesma cidade que me venceu pagava a energia à custa do mundo e deste correr de águas, de um lado e do outro, aniquilada por ela própria.
Como em todas as montanhas, do pico vê-se o fundo, do vale elevam-se os olhos. É este sobe e desce constante que afinal empurra o carrossel e o faz girar. Na mesinha de cabeceira continuam livros que não li, música que pouco ouvi, lições que não estudei, cartas que deixei por escrever, números por marcar e uma vela por acender. Que bom que há coisas que abandonamos inocentemente, mas como se adivinhássemos um dia revisitar, retomar, voltar a pegar. O ponto da largada será sempre diferente, é certo. Por isso valeu a pena.
Disparei a máquina inúmeras vezes mas na cabeça estão fotografias que nunca tirei: as do coração. Os amigos que fiz, os amores, a paisagem, a luta, os voos, a viagem. Eu que gosto de cinema vi-me dentro do filme. Passei a personagem animada, numa obscuridade própria de Burton, sempre com Johnny do outro lado da linha. “Path”. Soa bem para quem percorreu muito mas até parece nada. Obriga-me a pensar que há mais, e o sentido é só “em frente”.
Cheira-me a cupcakes com sprinkles arco-íris e a piquenique da meia-noite. Soa-me a Bono rouco, a Jagger louco, a Rufus homo… Continuo a sonhar com uma casa no Village mas com o ambiente alternativo de Williamsburg. Vou reparar nas tintas no chão, nos riscos nas paredes. Vou repudiar os maus cheiros, os passeios obstruídos de lixo. Vou correr à noite no parque, caminhar de dia nas ruas. Vou comprar pão polaco e diet coke para regar. Noodles, brownies, marshmallows. Vou esperar o carteiro coxo, querer o leite com chocolate do Peter Pan, após um “Mufin Sugar Free”, o sushi e os pauzinhos, e queixar-me das insónias quando acordada pelo choro da criança dos vizinhos. Vou aproximar-me da velha “lady” que aos domingos de manhã empresta uma cantoria celeste à estação de Bedford e me faz querer ter uma avó negra. Vou cruzar-me com caras diferentes e querer ser igual, vou sentar-me naquele banco de jardim, o mesmo das histórias, tomar um café pensativo no Fix, desfilar no Meat Packing do “Sex and the City” e rir-me de mim por empilhar sapatos que não uso no armário, depois de me render a este vício made in Manhattan…Porque há coisas que não mudam.
O telhado. Ouviu tantos episódios, carregou tanta gente. Tanto, gente. Foi confidente, foi comédia, foi desespero e atalho para o salto, foi praia, ponto de encontro e miradouro. O MEU. Trepo as escadas uma vez mais. Brindo (ao que quer que venha). A última, como a primeira imagem, é escura mas cheia de brilho…
See you, New York.
LM
O Começo...
Exit Music (For a Film)
Wake... from your sleep
The drying of your tears
Today.. we escape
We escape.
Pack and get dressed
Before your father hears us
Before.. all hell.. breaks loose.
Breathe... keep breathing
Don't lose.. your nerve.
Breathe... keep breathing
I can't do this.. alone.
Sing us a song
A song to keep us warm
There's such a chill
Such a CHILL.
You can laugh
A spineless laugh
We hope your rules and wisdom choke you
Now we are one
In everlasting peace
We hope that you choke.. that you choke
We hope that you choke.. that you choke
We hope that you choke.. that you choke
Radiohead
Wake... from your sleep
The drying of your tears
Today.. we escape
We escape.
Pack and get dressed
Before your father hears us
Before.. all hell.. breaks loose.
Breathe... keep breathing
Don't lose.. your nerve.
Breathe... keep breathing
I can't do this.. alone.
Sing us a song
A song to keep us warm
There's such a chill
Such a CHILL.
You can laugh
A spineless laugh
We hope your rules and wisdom choke you
Now we are one
In everlasting peace
We hope that you choke.. that you choke
We hope that you choke.. that you choke
We hope that you choke.. that you choke
Radiohead
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