quinta-feira, 24 de abril de 2008

Não, não vale a pena.




Hoje dei-me a encaixar as insónias nas tuas palavras. Uma opulenta moldura, enfeitada de luxúria e acaso. Não concordas? Andei pelos teus dotes de escrita, que embaçam uma aspirante como eu. Ri-me das correcções às minhas falhas repetidas, repetidas, repetidas, e das desculpas precipitadas pela distância. Dos azedumes sempre que me largavas e dos prantos sempre que eu desistia. Do tempo em que nos conhecemos sem nos vermos e dos momentos em que nos vimos sem nos entendermos. Da tua mala amarela, num aeroporto quase português, à espera de tanto. ABRAÇO. Da viagem, num apego de dar dó, e do sofá da noite. Das vagens em forma de brotos de soja e da fatia de pizza partilhada com comentários às passagens bíblicas que sabias de cor. Da música que me agitava e te adormecia. Do Bono rouco, da sala sem “Fade Together”. Do jogo com cachorros e meninas de pernas altas, da chuva, do vento, das miragens. Da ponte atravessada e da fotografia que te roubei para minha. Autoria. Não reclames. Eram os mesmos olhos, os nossos, nesses dias. Ou será que nunca chegamos a ver claramente? Que raio de apelido me deste. Ponderei chamar Biscoito ao cão, mas achei que era uma afronta. À minha pessoa. Afinal, as minhas bochechas nunca te enganaram. Nem o toque. Nem o embate dos outros. Agora penso no que passou e como se teria passado, se um dia acordássemos no mesmo lado da cama. Continuo a ouvir-te, porque já te me mostrei do lado de dentro. Sabes o mapa das minhas mazelas e profetisas a próxima queda. Convenceste-me que não vale a pena. Tenho pena. Mas tens razão.

A ti, com um Bei(JU)
LM

PS- Descobre os erros...

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