sexta-feira, 18 de abril de 2008

BONSAI

Recebi uma árvore num vaso. É do verde dos olhos e as flores já quase rebentam. Estende devagar os ramos mas a solidez da espécie dá-lhe carácter de palco. Tímida no primeiro contacto mas robusta nas decisões. Deve ser esculpida com cuidado, regada sim mas só quando reclama. Faz das exigências a perfeição. Quer luz mas nunca directa (medo que lhe sequem as raízes de excessos, talvez.). Deve ser construída todos os dias, todas as vezes. A beleza depende da sobrevivência. Se a idade passa e resiste, valoriza-se. Pode adoecer de uma gripe de fungos e pragas, geralmente por erro da nossa mão. A falta de atenção deprime-a, murcha-a. Os sintomas são óbvios: escurecem as folhas, apodrece a terra. A poda faz-se com engenho, evitando o domínio foliar das mais fortes, trabalhando a dimensão, cavando energia.
Percebe-se porque é arte. É que desde o momento em que chega transforma-nos!

LM

PS- Obrigada a quem me estendeu este tapete de vida.

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