domingo, 20 de abril de 2008

GARDEN STATE

Caber no mundo real tem destas coisas: há sempre um botão que não aperta, uma costura que parece rebentar, uma gordurinha a notar-se… o fato da vida nem sempre está passado, e os vincos podem ser tão tesos que magoam.
Inadaptado. Mas somos todos, quando lidamos com a infelicidade. O contrário é a alegria, a capacidade de encaixarmos nas situações, nos momentos, nos lugares, nas pessoas.
A história, de tão inocente e doce, faz-nos querer mergulhar no absurdo, na música dos Shins, na mota verde do avô, no jeito perdido, na piscina de água quente, na lareira aquecida com mobília de casa, no precipício do Albert, no grito enfiado em sacos do lixo. Uma espécie de rebuçado com muitas camadas a lamber, e cada uma é uma outra descoberta, até chegarmos ao fim de nós.
Não consigo não gostar. Até porque os meus olhos vidraram ao ver o Sea de Williamsburg. Sentei-me tantas vezes naquele jardim de água, onde os canos continuam à mostra. Não consigo não me sentir em casa... neste filme.

LM

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