quarta-feira, 23 de julho de 2008

Where do we have to get off?




De mala na mão, na porta entreaberta, como um gato a roçar nos cantos, num ronronar que afasta mas circunda. Quando a noite vem é o cair do pano, o teatro fechado, o palco desmontado e nós, só nós ali, estendidos. Quando a manhã se decide, volta-se a abrir o lugar para todos, uns que entram e outros que partem, uns cativos e outros ocasionais, uns despertos e outros desprendidos. A cena passa a arena e a indefinição toma conta dos estrados. O que mais me cansa é não saber. O que mais me cansa é este meu lado irresoluto, um assobiar frouxo para o que esperas. De mim. Esperas que eu chegue com tudo quando o que eu tenho é quase nada. Mala vazia. Se eu fosse da plateia gritaria: “Vamos, fecha de uma vez a porta ou abre-a de espaço.”. E o que é eu faço? Deixo-me ficar pendurada nos intervalos, para ver passar o tempo, cruzando os dedos em figas para que esse, o tempo, mostre se devo entrar ou sair. De mala na mão. Vazia.

LM

Sem comentários: