sexta-feira, 18 de julho de 2008

House of Cards



Quero dizer-te assim. Devagar. É que a minha casa ainda se faz de cartas, cartas que se tocam, acrescentam e montam. É como um baralho ao contrário de um baralho, porque as cartas se compõem num método (estranho mas) que em mim faz o sentido da vida. Quero dizer-te assim. Devagar. Que sei que quero ser amiga. Ou que sou. Tudo mais faz parte das cartas que estão desaparecidas ou fora do baralho, que não é baralho. Tenho tempo. Tenho sempre tempo. Mas e tu? Quero dizer-te assim. Devagar. Que tenho medo. E que o que vier será uma graça, mesmo que seja menos do que esperas. Um dia de cada vez. No nosso caso, uma noite atrás da outra. Quero dizer-te que me obrigo. Assim. Devagar. Obrigo-me a perceber. Não precipitando a resposta, não transpondo o que, efectivamente, te quero dizer. Quero dizer-te assim. Devagar. Não sei. Deixo-me estar porque preciso. Corrompe-me o egoísmo. Deforma-me a cara, as sardas, o verde dos olhos. Mas deixo-me estar. Porque preciso e porque precisas. Não achas que devemos dizer-nos…devagar? E se a casa se desfaz e as cartas derrapam? E se o tecto cai e a porta se fecha? Diz-me. Porque é que não me consigo atirar?

LM

3 comentários:

Anónimo disse...

Suponho que haja algo mais que eu não sei.Mas se me empurrares eu caio contigo :)
Já está quase, já está quase!!

Kendimen.C disse...

Curioso, quando "abri" o teu blog, hesitei se ainda estava a ver o meu ;)

LM disse...

Este vídeo é um exercício de bom gosto e criatividade. Vou espreitar o teu blog para confirmar que não é meu :)