sábado, 7 de junho de 2008

QUERERIA

Tudo o que queria era que não me deixasses ficar em casa numa tarde de domingo. Também não queria que me levasses a sair, se tudo e todos estivessem de orelhas na rua. Queria que adivinhasses o que eu queria, e na altura em que quisesse outra coisa fingisses também querer. Por exemplo, agora quero sair daqui e tu estás preso à televisão, a namorar-lhe um jogo perfeitamente dispensável quando já sabes o resultado e viste a repetição da vitória. E queria que tivesses as mãos fora do comando e te decidisses a aperfeiçoar os riscos do meu rosto em vez de pressionares o volume. Mais alto, menos, mais, mais, menos. E neste exacto momento queria que me trouxesses água porque tenho os pés inchados e os lábios gretados… sem os beijos bem-me-quer-para-sempre. Ai! Sabe a tanto! Menos, menos. Intervalo. Queria que em vez da cozinha visitasses o vizinho e lhe roubasses uma das flores brancas que persistem no parapeito (não me lembro de lhe dares nome). Vai lá. Atira-lhe a desculpa óbvia: comentar os golos! Mas se não quiseres, eu deixo de querer também, porque afinal tudo o que eu queria tem apenas duas letras e nelas cabes TU.

LM

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