DE REPENTE do riso fêz-se o pranto silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fêz-se espuma E das mãos espalmadas fêz-se o espanto.
De repente da calma fêz-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fêz-se o pressentimento E do momento imóvel fêz-se o drama.
De repente, não mais que de repente Fêz-se de triste o que se fêz amante E de sozinho o que se fêz contente.
Fêz-se do amigo próximo o distante Fêz-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção'
Fez-se a separação de uma terra que é a nossa união. E, agora, o regresso um porto de pontos de abrigo. Porque são muitos os sítios que amamos, até aqueles em que, tantas vezes, se fez da força da imaginação o sonho de ter os pés no mesmo chão. Foi o voltar, por um instante apenas, a uma cidade em construção. Depois do Inverno aluvião. Um momento do Verão. Uma sintonia inaugural de avião. Uma “esperanza” vibrante ao serão. Foi assim, repentinamente, a lembrança de que o coração não mente.
1 comentário:
"Soneto de Separação"
DE REPENTE do riso fêz-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fêz-se espuma
E das mãos espalmadas fêz-se o espanto.
De repente da calma fêz-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fêz-se o pressentimento
E do momento imóvel fêz-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fêz-se de triste o que se fêz amante
E de sozinho o que se fêz contente.
Fêz-se do amigo próximo o distante
Fêz-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção'
Fez-se a separação de uma terra que é a nossa união. E, agora, o regresso um porto de pontos de abrigo. Porque são muitos os sítios que amamos, até aqueles em que, tantas vezes, se fez da força da imaginação o sonho de ter os pés no mesmo chão. Foi o voltar, por um instante apenas, a uma cidade em construção. Depois do Inverno aluvião. Um momento do Verão. Uma sintonia inaugural de avião. Uma “esperanza” vibrante ao serão. Foi assim, repentinamente, a lembrança de que o coração não mente.
À Madeira, ter-nos-emos eternamente.
Enviar um comentário