terça-feira, 20 de julho de 2010

REPENTINA-MENTE







Funchal, 2010
Fotografias de LM e RMP

1 comentário:

revolution.resolution disse...

"Soneto de Separação"

DE REPENTE do riso fêz-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fêz-se espuma
E das mãos espalmadas fêz-se o espanto.

De repente da calma fêz-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fêz-se o pressentimento
E do momento imóvel fêz-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fêz-se de triste o que se fêz amante
E de sozinho o que se fêz contente.

Fêz-se do amigo próximo o distante
Fêz-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção'


Fez-se a separação de uma terra que é a nossa união. E, agora, o regresso um porto de pontos de abrigo. Porque são muitos os sítios que amamos, até aqueles em que, tantas vezes, se fez da força da imaginação o sonho de ter os pés no mesmo chão. Foi o voltar, por um instante apenas, a uma cidade em construção. Depois do Inverno aluvião. Um momento do Verão. Uma sintonia inaugural de avião. Uma “esperanza” vibrante ao serão. Foi assim, repentinamente, a lembrança de que o coração não mente.

À Madeira, ter-nos-emos eternamente.