quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mais canções

Há quem brigue por um pedaço de céu, ou se esgote até provar uma fatia de sonho. Gosto sempre de quem enfrenta ventos frios, calculados, egoístas, e não se rende às evidências que são, hoje mais do que nunca, a falta de capacidade de emergir de uma crise há muito previsível. Gosto sempre de quem multiplica músicas, letras, passos, ideias, num mealheiro sem fundo e depois, com a coragem de quem se atira para voar, deita tudo num cenário e reza para que o público perceba as lágrimas que estiveram em mais de um ano de tentativas. Gosto sempre de ter os amigos por perto e de os ver sorrir com os comentários das nossas personagens, ou brilhar com a cadência da melodia. Gosto sempre que não me façam adormecer e desistir. Gosto principalmente dos que (apesar de serem muito sabem que não são mais gente) nos abraçam com palavras agradecidas, sem que o tenhamos prescrito. Gosto dos que não se esquecem que, para que nasça a obra, seja ela destapada de defeitos ou com lascas no som, com anedotas desapropriadas à idade de alguns ou momentos que tocam no centro de outros, é preciso lutar. Pena que as cadeiras, porque nos negam apoio, seja num contacto ou num desabafo, continuem às vezes vazias. Gosto sempre quando se enche de vida a sala, para que renasça também o palco. E porque gosto tanto assim do que gosto, esta não será a minha última canção.

LM
Fotografia de Sofia Vieira (Manuela Azevedo e Gonçalo Mello)

2 comentários:

Anónimo disse...

Leio, releio e volto a ler esta "fatia de sonho"... É de facto, no Futuro, que está verbo.

Um beijo por tudo e pela certeza das músicas que hão-de encher as cadeiras...

Anónimo disse...

Descobri isto hoje!


Que bonito Lili!


Um grande Beijinho

Gonçalo Mello