quinta-feira, 27 de novembro de 2008

INTO MY ARMS




Há 5 meses a manhã estava mais clara. Há 5 meses era de calções e chinelos que subia a rua, já com o jornal do costume e o pão a estalar de sabor no saco de papel. Há 5 meses abria a janela da varanda e deixava que o vento baloiçasse as cortinas brancas (que chegavam a roçar nas pernas). Há 5 meses mergulhava de cabeça e a água transparecia a existência leve. Há 5 meses não tinha a quem esperar. Mas continuava à espera de alguém.
Hoje chove. Pus o casaco mais quente perdido a um canto do armário e aquelas botas altas que são ainda resquícios de Nova Iorque. Enfio-me no carro e não deixo nenhuma fresta ao tempo. Falo-te com o auricular posto. Faço com Cave o resto do caminho. O mar está revolto. Deprime. Até que se solta a frase que me repetiste. Há 5 meses “encontrámo-nos, e eu encontrei-me”.

LM

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Days and days trying to utter a single word.

Impossible... The more I see these lines, the more I read these sounds, the more I listen to these moving pictures... The more imovable I get.

I hope you're smiling...