sábado, 26 de janeiro de 2008

CONTROL

Miles Davis by Anton Corbijn


Sam Riley as Ian Curtis By Anton Corbijn


Perdemos a sequência de abertura, tudo por culpa da sobremesa: bananas caramelizadas com cerveja tango! A entrada já às escuras, no último cinema onde pensava encontrar esta história. Sem ironias.
Preto e branco. Um impressionante recorte de luz a tirar a opacidade de Manchester dos anos 70. Dizer que a imagem é poética é fácil. Eu prefiro pensar que ela é “irremediavelmente minha”, como Miles Davis a apertar a própria cara, e a dar-nos uns olhos impetuosos, irrigados de vida.
Se Ian Curtis era assim, como se conta, não sei, mas este que me contaram fez-me querer estar perto, tocar-lhe no ombro e trazê-lo aos dias menos cinzentos, sem “HATE” escrito nas costas do casaco, sem choros de doença, sem empregos falsos, sem salas vazias ou guerras domésticas.
Deixa-me dizer-te, Ian, que o sucesso não está no declínio, mesmo que para ti isso fosse verdade, nem é preciso sofrer para escrever. Se precisavas de lágrimas tinhas dito. Há um mar aqui bem perto.
E assim nasce o mito.



LM

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