O Elefante e a Girafa
Na selva dos timbres
Há os grandes e os menores
Os altos e os pequenos
Os dóceis e os predadores
Ora diz-se por entre arbustos
Na densa vegetação
Que girafa se esticou
Pelo elefante valentão
O seu pequeno pescoço
Cresceu e cresceu e cresceu
Num longo tubo de madeira
Que quase agarra o céu
O elefante de pernas toscas
E orelhas inquietas
Tinha sido preferido
Para príncipe da floresta
Foi assim que a girafa
Invejando a coroa e a cadeira
Achou por bem estender
As patas dianteiras
“Não sei porque fazeis
A uma tromba vassalagem”
Diz a girafa aos animais
Em Staccato sem paragens
“Eu sim seria a alteza
Mais soberba do império
Senão reparem na silhueta
Deste meu tronco esbelto”
Interrompendo o discurso
Acerca-se num andar pesado
O príncipe questionando
O zunzum no seu reinado
Com porte de burguês
E força impressionante
O elefante aproxima-se
Da girafa tremulante
“A minha manada prepara
O baile da coroação
Diz-me girafa fagote:
Tens alguma objecção?”
A girafa envergonha-se
E comenta em glissando
Que queria ser ela
A princesa em comando
O elefante trombonista
Pede-lhe com a vara a mão
E elogia as manchas
De tão grande determinação
“Para completar o teu desejo
Só vejo um caminho:
Casa comigo girafa
E serei o teu principezinho”
E não é que a girafa se deixou
Embalar na tromba do elefante?
Governaram pois em uníssono
Um paraíso mais verdejante
LM
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