terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
terça-feira, 5 de outubro de 2010
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Assim
Gosto do cheiro a praia acabada de chover. Gosto de a ver desabitada, com ar quieto. Gosto deste silêncio, no exacto momento em que se encontra com o sol.
É um bom dia. Porque é um dia mais.
LM
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
domingo, 4 de julho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
quarta-feira, 2 de junho de 2010
terça-feira, 1 de junho de 2010
VRUMMMM!!
Pôr-se a caminho. Fazer caminho. Percorrer o caminho. Perder-se no caminho. Cortar caminho. Construir caminho.
Afirmo que é o meu verbo de acção e de paragem, de respiração funda e pernas longas. Gosto tanto de ir como de voltar. Gosto quando a paisagem nos cola o nariz ao vidro do carro, nos cala e nos obriga a olhar para dentro. Gosto quando paramos numa estação e, ao abastecer o carro, deparamos com dois americanos com pinta de cineastas que falam um espanhol discorrido e nos enganam com um Alfa Romeo de 1967. Alugado em Nice. Preferes o Giulietta. Eu não me importo de conduzir um Spider. De preferência o mais envelhecido possível. Daqueles que trazem as marcas da história e histórias nas marcas cravadas no volante. Gostamos, não gostamos? Fizemos a promessa de amontoarmos notas em cima das moedas que (ainda não) enchem o Wall-E, para daqui a 20 anos calçarmos umas luvas de pele e eu poder usar um lenço de seda que se dá ao vento, tal como nos filmes. Fazemos cinema. Vou cobrar o desejo, porque tenho tempo para sonhar. Em 20 anos faremos tantas outras viagens que um mealheiro não vai chegar para o que invejamos nos outros. Somos pessoas de bem, é certo, mas cobiçamos o bom gosto. O mais engraçado é que ambicionamos em diferentes cores. Ecléticos q. b. Por isso, um dia, quando escolheres a Julieta, que seja num azul profundo. Só por causa do veneno.
Seguimos viagem?
LM
Afirmo que é o meu verbo de acção e de paragem, de respiração funda e pernas longas. Gosto tanto de ir como de voltar. Gosto quando a paisagem nos cola o nariz ao vidro do carro, nos cala e nos obriga a olhar para dentro. Gosto quando paramos numa estação e, ao abastecer o carro, deparamos com dois americanos com pinta de cineastas que falam um espanhol discorrido e nos enganam com um Alfa Romeo de 1967. Alugado em Nice. Preferes o Giulietta. Eu não me importo de conduzir um Spider. De preferência o mais envelhecido possível. Daqueles que trazem as marcas da história e histórias nas marcas cravadas no volante. Gostamos, não gostamos? Fizemos a promessa de amontoarmos notas em cima das moedas que (ainda não) enchem o Wall-E, para daqui a 20 anos calçarmos umas luvas de pele e eu poder usar um lenço de seda que se dá ao vento, tal como nos filmes. Fazemos cinema. Vou cobrar o desejo, porque tenho tempo para sonhar. Em 20 anos faremos tantas outras viagens que um mealheiro não vai chegar para o que invejamos nos outros. Somos pessoas de bem, é certo, mas cobiçamos o bom gosto. O mais engraçado é que ambicionamos em diferentes cores. Ecléticos q. b. Por isso, um dia, quando escolheres a Julieta, que seja num azul profundo. Só por causa do veneno.
Seguimos viagem?
LM
quinta-feira, 27 de maio de 2010
segunda-feira, 24 de maio de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Entre a espada e a parede
Christ Church, Oxford, 28 de Outubro de 1876
Minha muito querida Gertrude:
Ficarás com pena, surpreendia e perplexa por descobrires de que estranha doença tenho sofrido desde que nos separámos. Chamei o médico e disse-lhe. “Preciso de um remédio; estou cansado.” Ao que ele respondeu: “Disparate! Você não precisa de remédios: meta-se na cama!”
Eu continuei: “Não, não é o tipo de cansaço que se cure com cama. Sinto-me cansado na cara.” Ele pareceu ficar um pouco sério, e disse: “Oh! é o seu nariz que está cansado: uma pessoa fala muitas vezes de mais quando pensa que sabe demasiado”. Eu respondi: “Não, não é o nariz. (…) e não é propriamente o cabelo: é mais em redor do nariz e do queixo.” Então, ele ficou consideravelmente mais sério, e disse: “Esteve, ultimamente, a caminhar com frequência sobre o seu queixo?” Eu respondi que não. “Bom, estou realmente bastante intrigado”, disse ele.
“Acha que o problema está nos lábios?” Ao que respondi “Claro! É precisamente isso!” Então ele ficou realmente muito sério e disse: “Penso que você deve ter dado demasiados beijos”. “Bem, dei realmente um beijo a uma criança, a uma amiguinha minha.” “ Pense melhor”, disse ele, “tem a certeza de que foi apenas um?”. Pensei e disse: “Talvez fossem onze.” E o médico disse: “Não deverá dar mais beijo algum até que os seus lábios estejam completamente descansados.”
“Mas o que devo fazer então?”, perguntei eu. “Porque, sabe, eu ainda lhe devo outros centro e oitenta e dois.” Nesse instante, ele pareceu ficar de tal forma sério que as lágrimas começaram a correr-lhe pela cara abaixo, e disse: “Pode sempre enviá-los numa caixa.”
Lembrei-me então de uma pequena caixa que tinha comprado em Dover, pensando um dia oferecê-la a alguma rapariguinha. Por isso, coloquei-os todos muito cuidadosamente dentro da caixa. Diz-me depois se chegaram bem, ou se algum ficou perdido pelo caminho.
De Lewis Carroll para Gertrude
Minha muito querida Gertrude:
Ficarás com pena, surpreendia e perplexa por descobrires de que estranha doença tenho sofrido desde que nos separámos. Chamei o médico e disse-lhe. “Preciso de um remédio; estou cansado.” Ao que ele respondeu: “Disparate! Você não precisa de remédios: meta-se na cama!”
Eu continuei: “Não, não é o tipo de cansaço que se cure com cama. Sinto-me cansado na cara.” Ele pareceu ficar um pouco sério, e disse: “Oh! é o seu nariz que está cansado: uma pessoa fala muitas vezes de mais quando pensa que sabe demasiado”. Eu respondi: “Não, não é o nariz. (…) e não é propriamente o cabelo: é mais em redor do nariz e do queixo.” Então, ele ficou consideravelmente mais sério, e disse: “Esteve, ultimamente, a caminhar com frequência sobre o seu queixo?” Eu respondi que não. “Bom, estou realmente bastante intrigado”, disse ele.
“Acha que o problema está nos lábios?” Ao que respondi “Claro! É precisamente isso!” Então ele ficou realmente muito sério e disse: “Penso que você deve ter dado demasiados beijos”. “Bem, dei realmente um beijo a uma criança, a uma amiguinha minha.” “ Pense melhor”, disse ele, “tem a certeza de que foi apenas um?”. Pensei e disse: “Talvez fossem onze.” E o médico disse: “Não deverá dar mais beijo algum até que os seus lábios estejam completamente descansados.”
“Mas o que devo fazer então?”, perguntei eu. “Porque, sabe, eu ainda lhe devo outros centro e oitenta e dois.” Nesse instante, ele pareceu ficar de tal forma sério que as lágrimas começaram a correr-lhe pela cara abaixo, e disse: “Pode sempre enviá-los numa caixa.”
Lembrei-me então de uma pequena caixa que tinha comprado em Dover, pensando um dia oferecê-la a alguma rapariguinha. Por isso, coloquei-os todos muito cuidadosamente dentro da caixa. Diz-me depois se chegaram bem, ou se algum ficou perdido pelo caminho.
De Lewis Carroll para Gertrude
segunda-feira, 12 de abril de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
Virar do Avesso
Se a Páscoa é tempo de oração, a nossa faz-se por dentro. Ou de dentro para fora. Geralmente as palavras dos fiéis estão tão acertadas com o ritmo que o padre prega, que pergunto se eles pensam no que dizem ou se dizem o que sentem.
Conversámos sobre tudo, sobre nós, o futuro, os desejos e os muitos receios. É fazer a mesa com palavras, umas que se conservam, outras que é melhor provar no momento e aprender a digerir. Esta foi a NOSSA Páscoa. Cada passo que demos foi uma descoberta, uma oração de fé no amor e no que acreditamos que aí virá. Não precisámos de cravar os joelhos frente a uma imagem de barro para provar que confiamos um ao outro o que de melhor e menos bom temos para dar. Assim se reza, por cá.
LM
Conversámos sobre tudo, sobre nós, o futuro, os desejos e os muitos receios. É fazer a mesa com palavras, umas que se conservam, outras que é melhor provar no momento e aprender a digerir. Esta foi a NOSSA Páscoa. Cada passo que demos foi uma descoberta, uma oração de fé no amor e no que acreditamos que aí virá. Não precisámos de cravar os joelhos frente a uma imagem de barro para provar que confiamos um ao outro o que de melhor e menos bom temos para dar. Assim se reza, por cá.
LM
domingo, 21 de março de 2010
quarta-feira, 10 de março de 2010
segunda-feira, 1 de março de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
O que não FAZEMOS
Voltámos ao país do faz-de-conta. Vimos terras desproporcionadas, casas desviadas do projecto, ruas entupidas e restaurantes escuros. Vimos que há lugares piores, lugares diferentes, lugares assim-assim, lugares onde não se pode colocar o cotovelo na mesa, lugares onde há tantas peles penduradas que dava para construir um estádio com casacos. Come-se caro, come-se menos, come-se. Não se delicia. Só com uma tábua de presunto e queijo. Ora, como é que, a atravessar a indústria do estado vizinho, nos deparamos com outdoors que anunciam um carro por menos 5 mil euros do que em Portugal? O mesmo carro, em caso de dúvida. É que, do menos que temos, raramente conseguimos fazer mais. O mais que temos, nem sempre usamos para vencer. Nem para vender. Tapamos os olhos e achamos que somos muito, quando afinal nos sobra tão pouco. As aparências iludem, neste país do faz-de-conta. Faz-de-conta que tens dinheiro, faz-de-conta que o jornal que levas do quiosque vai ser reciclado, faz-de-conta que o lês, faz-de-conta que esse relógio não é uma imitação foleira, faz-de-conta que isso importa, faz-de-conta que tens emprego, faz-de-conta que não deves ao banco, faz-de-conta que o teu país está certo.
LM
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
MALA PRONTA
Já escrevi muito sobre Nova Iorque. Nem sempre muito bem. As palavras entram numa azáfama perturbadora quando me refiro à cidade. Acredito que a culpa é da vontade: rodopiar novamente nas margens do East River e olhar de soslaio Manhattan, pela lente dos grandes clássicos do cinema. É incrível como um ano pode parecer uma vida e como, numa cidade que nos é alheia, se pode construir a casa. Em alturas assim, o melhor é ir. A ver se se descobre onde ficar.
LM
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
PERMANECER
Porque há coisas que não queremos que mudem. Há as viagens na nossa terra, a chuva que desperta em gotas fartas, o cheiro tenro da manhã, as folhas que acolchoam de cor o caminho, as mãos dadas para não escorregarmos em desesperança, o riso franco que não se esconde dos lugares habitados, o jantar saboreado a quatro-olhos. E, depois, o jornal aberto naquela página, o que foi que se comenta e o que vem que não se explica, os amigos que são amigos sem ser preciso estar, as casas que não são nossas e nos pertencem, os versos que não se dizem mas que ouvimos. O regresso. Música.
LM
Fotografias de LM e RMP
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