História de uma árvore que queria ser pássaro
Tem os pés ligados à terra
E a cabeça solta nas nuvens
Os ramos estendem-se como cordas
Onde se pode pendurar
Um mi, um lá, um ré, um sol
E às vezes um dó para beliscar
Mas a Árvore só pensa em fugir
Tirar o tronco do chão
E o umbigo do cavalete
Levantar o arco nos ramos
Voar com duas notas
Pelo céu alegrete
É então que vê o Piu
Que costuma lá passar
Para “bom dia!” dizer
Sempre bem-disposto
Com longas penas prateadas
E o bico a condizer
A Árvore decide pois perguntar
Se o Piu não quer por acaso trocar
Ela ganhava asas perfeitas
E ele raízes estreitas
Piu põe-se a pensar
A pensar
A pensar
E só encontra uma resposta
(Nem direita nem torta)
-Árvore grande e fabulosa
Não sabes a sorte que tens
As folhas abrigam-te da chuva
Chuva que te alimenta também
(e continua)
Tens a cabeça subida
E podes ver todos os animais
Os teus pés estão escondidos
E ninguém te caça, como a nós pardais!
A Árvore parece convencida
E reflecte na argumentação
Afinal, ninguém como ela sabe
Que no fundo da verdade
Ser Árvore crescida
É ter uma vida florida
LM
sexta-feira, 19 de junho de 2009
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