sexta-feira, 5 de setembro de 2008

EM UNÍSSONO


Descobri-nos num dia de Verão, a quebrar um vestido verde na maresia e olhar mudo de noite. Tu alcançaste o que eu demorei a assentir: que há instantes que mudam o que o tempo vinha a desenhar nos nossos dias, e que o peso do que passou é menor perante o adivinhar viçoso do futuro. Deste-me a mão sem me tocares, e percebeste que a minha árvore genealógica era feita de flores e frutas, de mar e gente, de partir e de chegar. Soubeste-me pelos traços visíveis do rosto e, sobretudo, pelos que encapota a alma. Leste-me e aprendeste-me num sopro. É como se tudo estivesse lá, no canto da boca, só à espera de se soltar numa palavra perfeita. A mais perfeita.


LM

Sem comentários: