terça-feira, 27 de novembro de 2007

PORTO

O Porto é a casa onde não durmo, a cama onde só me encosto, a almofada de pena(s). É o fotograma da minha vida mas que passa repentino, num filme que vai fazendo a história. “Sou do Porto”, digo quando me perguntam de onde venho. Não é inteiramente verdade. Não nasci, não cresci, não vivi na cidade. Mas é ela que me arrenda as suas ruas, as luzes, a noite, os amigos. Faço sempre de conta que sou ponte. Uma ponte que me junta, onde quer que esteja, a essa cidade. Faço sempre de conta que sou rio. Um rio que entra nela, pela cidade, e se estende a abraçá-la. Faço sempre de conta que sou gente. Gente que vive, que passa, que se insurge, que se oferece a sorrir. Faço sempre de conta que sou daqui. E esta mentira é a minha única verdade.

LM, de regresso ao Funchal

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