quinta-feira, 28 de junho de 2007

Histórias de Mimar a Música

Era uma vez, começa a história
Calçada de sapatos gigantes
Contam os palhaços da rua
Com frases de comediantes


Vem primeiro o mais gingão
A passos largos de surdina
“TROMPEEETE!” Grita o outro
“Deixa em paz a concertina!”


O Trompete bem desfrutava
De ostentar o corpo de metal
A cada menina que passava
Declarava o seu bocal


Já o outro palhaço de cinzento
Fazia do circo a maior pena
Pintava-se de melancolias
E vibratos em cantilenas


Pois com tanta fricção
O triste violino palhaço
Nunca vai querer não
Experimentar o Pizzicato


“E se eu te emprestar
Um pistão prateado?”
Pergunta o trompete rico
Ao pobre do outro palhaço


Mas não é na roupa desfeita
Nem na pintura escurecida
Que vive a mágoa do violino
Mas sim na alma escondida


É que nunca tinha amado
Nenhuma corda de aço
Com as crinas havia tensão
Do tampo até ao braço

O trompete decidido
A devolver-lhe a gargalhada
Acertou-lhe as cravelhas
E as cordas afrouxadas

O violino ia conquistando
Uma força insuperável
Mi, lá, ré, sol
Entoavam as cordas aveludadas

“A confiança, é o segredo”
Repetia o trompete astuto
“Um palhaço tem de ser
O D. Juan absoluto! ”

Assim reconheceu o violino
Com certeza resoluta
E desde então foi do circo
O comandante da batuta

LM

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