terça-feira, 3 de abril de 2007

O Beijo


O vento é a gôndola
Das pestanas que se beijam
E se fecham até desfilarem
No colo dos teus ombros

Ao morder a língua de gostar
O que o silêncio traduz
Percebo tuas mãos maduras
Nos meus joelhos nus

Calcamos a rua fria e gasta
Com olhos em lanternas
Sem colarinhos, sem vincos
Sem rastos nem bermas

Mais um beijo arruaceiro
Um murro na barriga
Um querer baldio, inútil
Salteador de caras brigas

Subimos as costas da lua
Poucas filosofias, nada de juras
Rezamos agora para que a noite
Deixe as nossas pegadas mudas

Texto e fotografia
LM
Veneza 2003

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