quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O que não FAZEMOS


Voltámos ao país do faz-de-conta. Vimos terras desproporcionadas, casas desviadas do projecto, ruas entupidas e restaurantes escuros. Vimos que há lugares piores, lugares diferentes, lugares assim-assim, lugares onde não se pode colocar o cotovelo na mesa, lugares onde há tantas peles penduradas que dava para construir um estádio com casacos. Come-se caro, come-se menos, come-se. Não se delicia. Só com uma tábua de presunto e queijo. Ora, como é que, a atravessar a indústria do estado vizinho, nos deparamos com outdoors que anunciam um carro por menos 5 mil euros do que em Portugal? O mesmo carro, em caso de dúvida. É que, do menos que temos, raramente conseguimos fazer mais. O mais que temos, nem sempre usamos para vencer. Nem para vender. Tapamos os olhos e achamos que somos muito, quando afinal nos sobra tão pouco. As aparências iludem, neste país do faz-de-conta. Faz-de-conta que tens dinheiro, faz-de-conta que o jornal que levas do quiosque vai ser reciclado, faz-de-conta que o lês, faz-de-conta que esse relógio não é uma imitação foleira, faz-de-conta que isso importa, faz-de-conta que tens emprego, faz-de-conta que não deves ao banco, faz-de-conta que o teu país está certo.
LM

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